quarta-feira, julho 27, 2005

Renilda: a mesma coisa

Vejam só como a imprensa exagera em certos momentos da crise política.

Hoje praticamente todos os jornais de grande circulação estamparam em suas manchetes que Renilda Santiago, mulher do empresário Marcos Valério, disse ontem na CPI que Dirceu sabia dos empréstimos "não contabilizados" feitos ao PT.

Ocorre que a informação não traz absolutamente nenhuma novidade. E pode ser interpretada de maneira equivocada.

Pois o que Renilda disse ontem na CPI é que foi Valério quem lhe falou sobre o conhecimento do ex-minsitro acerca dos empréstimos. O que já era de conhecimento público, por meio de entrevistas anteriores do próprio empresário mineiro.

A novidade ficou só por conta das tais reuniões de Dirceu com os bancos Rural e BMG. E só.

terça-feira, julho 26, 2005

Uma CPI com cada coisa...

Em declarações dadas ontem na entrevista ao Roda Viva, o relator da CPI Mista dos Correios, deputado Osmar Serraglio, deixou claro o acordo político sobre o que será investigado por cada uma das CPIs (a dos Correios e a do Mensalão).

A CPI dos Correios ficará mais com a investigação relacionada ao "governo", centrada nos contratos do Executivo com agências de publicidade, fornecedores, prestadores de serviços, etc.

Já a do Mensalão investigará tudo relacionado aos "parlamentares", especialmente as denúncias de recebimento mensal de recursos.

Estrangeiros no pré

Ao contrário do que se aventou ontem no auge do estresse, o investidor estrangeiro continua doando "pré" no mercado de juros. E vendendo dólar...

segunda-feira, julho 25, 2005

BC encolheu sua carteira de C-Bond

Fontes do Tesouro Nacional e dos bancos coordenadores da recente troca do C-Bond no mercado afirmam que é incorreta a estimativa de que o Banco Central teria cerca de US$ 1 bilhão do brady em sua carteira.

Esse volume hoje é próximo dos US$ 600 milhões.

Quer dizer que o BC andou vendendo C-Bond nos últimos meses, pois chegou a ter os US$ 1 bilhão na carteira, como resultado de compras efetuadas em 2002.

E lá vem ele...

O ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, acaba de contratar uma assessoria de imprensa em São Paulo. Quer ter mais visibilidade nos jornais da capital paulista.

Segundo o informe dos assessores, Garotinho se dispõe a falar sobre vários temas, "como a crise no governo Lula, a participação do PMDB no ministério, os possíveis efeitos da crise na economia, etc."

Momento chave da crise política

Este é um momento crucial para a crise política que se desdobra em Brasília.

Em um primeiro momento, a imprensa pautou a CPI. A partir de agora, com a divulgação dos documentos enviados às CPIs, esse quadro se inverte, com os parlamentares e as Comissões tornando-se a fonte primária das informações.

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio, por exemplo, acaba de dizer que os documentos do Banco Rural apreendidos em Belo Horizonte - e que chegam amanhã à Comissão - são "pólvora pura".

E olha que ele não se referia aos papéis do empresário Marcos Valério que foram queimados...

sexta-feira, julho 22, 2005

Jornalista explica entrevista com Lula... ou melhor, tenta explicar...

Em um desabafo "quase emocionado", a jornalista que entrevistou o presidente Lula em Paris, Melissa Monteiro, escreveu artigo contando a experiência e toda a pressão que sofreu por conta de uma suposta armação no diálogo.

Com todo o respeito pela jornalista, quem conhece a estrutura de agendamento de entrevistas no Planalto e a importância do tema sabe que as suas alegações, embora possam ter aplicação em outros casos, não convencem. Confira abaixo a íntegra de seu texto publicado pela Folha:

Fiz o que todo jornalista deveria fazer
MELISSA MONTEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Escrevo para me defender das críticas e calúnias das quais fui vítima nos últimos dias e que têm me machucado muito. Parece um grande erro ser jornalista e exercer a profissão com afinco e paixão. Sou "acusada" por grandes veículos de comunicação do Brasil de ter conseguido aquilo que nenhum deles conseguiu: um furo de reportagem. Essas críticas revelam a arrogância que permeia nossa profissão. Sinto-me covardemente atacada pelo fato de não estar vinculada aos veículos que monopolizam a informação no Brasil.

Para os invejosos, é mais fácil enxergar um complô do que reconhecer com humildade o meu êxito profissional. Muitos egos amargurados, que correram atrás do presidente Lula durante dias em vão, preferiram criticar minhas perguntas do que simplesmente aceitar o principal: foram elas que arrancaram da boca do presidente palavras sobre a crise política, enquanto as perguntas pseudo-inteligentes e arrogantes obtiveram o silêncio como resposta.

Tentaram até me desqualificar profissionalmente. Disseram que não sou repórter, "apenas" free-lancer, quando, na verdade, sou formada pela Ecole Supérieure de Journalisme de Lille na França. Também sou engenheira de produção formada pela Escola Politécnica da USP. E é verdade, sou profissional independente e tenho uma modesta produtora de reportagens em Paris que tem como clientes os maiores canais de televisão franceses.
Tenho 29 anos. Saí do Brasil há oito anos, morei em Londres e agora vivo em Paris. Especializei-me no vídeo-jornalismo (eu mesma opero a câmera e faço a edição das reportagens) por gostar de ser independente e acreditar que este seja o futuro de minha profissão.

Desde domingo, vários colegas esmiúçam minha vida como se eu fizesse parte de um complô com a assessoria de imprensa do Planalto. Estou impressionada com a quantidade de informações erradas que estão divulgando a meu respeito. Fico até envergonhada de perceber tanta irresponsabilidade.
Por que não canalizar toda essa energia para elevar o nível do debate e aproveitar a ocasião para tecer uma autocrítica à maneira como nossa profissão é praticada no Brasil?

Minha idéia inicial era fazer uma reportagem humana e pessoal, que traçasse o perfil de Lula, ainda em Brasília, antes da sua vinda à França. Num trabalho de muita insistência, paciência e perseverança, cinco semanas depois, consegui essa entrevista exclusiva em Paris.

Não entendo que culpa tenho pelo fato de o presidente ter se sentido à vontade para confiar em minha câmera.
Cheguei à residência Marigny às 10h da sexta-feira, 15 de julho. Às 10h45, horário de Paris, começamos a entrevista. O presidente Lula me disse: "esta entrevista é o resultado de muita persistência". Verdade. Preservei o tom calmo e coloquial para deixar o presidente à vontade.

Naquele momento, ainda tinha o intuito de divulgar a reportagem na França e não tinha feito contato com veículos brasileiros. Fiz três perguntas relacionadas à sua visita. Comecei então a entrar no tema da crise do Brasil, de maneira que pudesse interessar ao público francês, alheio aos detalhes da crise política. Comecei por informações que já tinham sido divulgadas na França, "enfraquecido em Brasília, celebrado em Paris". O porta-voz da República, André Singer, e o assessor de imprensa Rodrigo Baena pareciam descontentes com as perguntas. Mas o presidente respondeu a todas.

Desde então, recebi todo o tipo de pressão. Pressão da assessoria de imprensa do Planalto. Depois da entrevista, para minha surpresa, os dois assessores vieram indignados em minha direção aos gritos de "você não cumpriu com o nosso trato, isso é falta de profissionalismo, você só fez perguntas sobre política interna, é uma pena que você comece assim sua carreira de jornalista".

André Singer sugeriu que a fita fosse parcialmente apagada. Rodrigo Baena tentou me convencer de quais perguntas poderiam ou não ser divulgadas, "esta você pode guardar, esta não". Saí dali entusiasmada, com a convicção de que tinha em minhas mãos um material cujo interesse ultrapassava as fronteiras da França. Ofereci o material a alguns redatores-chefes que me disseram que, com a volta do presidente Lula à Brasília, a entrevista deixava de ser importante para as redações francesas. Por mais que elas lhe dessem algum destaque, a entrevista não mereceria mais do que dois minutos no noticiário.

Decidi não divulgar a matéria na França. Percebi que estava diante de um depoimento simples, sincero e humano do presidente Lula, que certamente interessaria à população e que não podia, de forma alguma, ficar esquecido num canto de gaveta. No domingo, procurei a Rede Globo. Pedi, como condição para a venda dos direitos de imagem, que as respostas do presidente não fossem editadas, de maneira a evitar mal entendidos e distorções de cada idéia desenvolvida. Depois da entrevista divulgada, começaram as pressões e calúnias dos meus próprios companheiros de profissão. Recebi dezenas de telefonemas com pedidos de esclarecimentos e de entrevistas como se fosse crime uma repórter independente conquistar uma entrevista exclusiva. Na verdade, apenas fiz aquilo que todo jornalista deveria sempre fazer: persistir até o último minuto para conseguir informações inéditas e zelar, até o fim, para que elas cheguem ao conhecimento de todos.

Deixo aqui meus sinceros votos de que todos os meus colegas jornalistas experimentem um dia, se já não experimentaram antes, o mesmo êxito profissional que eu experimentei naquele dia. E que se libertem do veneno e da arrogância quando um colega tiver mais sucesso numa reportagem.


Melissa Monteiro é jornalista e produtora independente em Paris

quarta-feira, julho 20, 2005

Fábula para deputado dormir

Com os senhores feudais em dificuldades financeiras, eis que surge Delubian, amigo do rei, e consegue um empréstimo de 10 milhões de moedas de ouro (que depois viraram 39 milhões de moedas, pois a taxa de juros naquela época era altíssima) por meio de um amigo com bom nome na praça.

Tal amigo, apesar de conhecer Delubian há apenas alguns meses, fez tudo na base da confiança, sem medo de que os pagamentos não fossem feitos. Na verdade, só tinha o interesse, segundo Delubian, nas campanhas feudais que os senhores poderiam fazer eventualmente com ele.

Não houve nem interesse nem conhecimento, segundo Delubian, dos representantes do Reino.

Empresas buscam linhas "stand-by"....

Começa a tomar forma, em boa parte motivado pelas incertezas políticas locais, um movimento de grandes empresas buscando recursos através de acordos "stand-by" de financiamento externo.

Funcionam, na prática, como uma espécie de cheque especial corporativo que podem ou não ser utilizados.

Aproveitando os bons ventos

Não se pode dizer que o Tesouro Nacional não está aproveitando o excepcional momento de liquidez externa na gestão da dívida externa.

Em uma semana, anunciou a antecipação do pagamento da linha de empréstimo mais cara do FMI e a troca de C-Bonds em circulação no mercado (seguida de uma possível recompra do resíduo), e agora fica livre para prover um colchão de liquidez para 2006 com as próximas captações soberanas.

Notícia ruim

Ainda não há pânico, mas é fato que muitos dos investidores estrangeiros que não estavam "nem aí" para a crise política brasileira começam a demonstrar preocupação adicional com o tema.

E tem gente pensando em zerar posições no Brasil...

terça-feira, julho 19, 2005

Devo, não nego, mas pago...

Fornecedores, partidários e até institutos de pesquisa eleitoral começam a botar no prejuízo as dívidas que têm a receber do Partido dos Trabalhadores (PT).

A expectativa de pagamento, no curto e médio prazo, é próxima de zero.

segunda-feira, julho 18, 2005

Mais uma tese para o BC

Mais uma possibilidade para a verdadeira "salada" de hipóteses envolvendo o futuro da direção do Banco Central: Meirelles sai e assumiria em seu lugar o diretor de Assuntos Internacionais, Alexandre Schwartsman.

Há também quem diga que Meirelles pode ficar mais algum tempo no BC. E há ainda a versão de que Bevilaqua poderia ocupar a presidência da instituição no caso da saída de Meirelles. A possibilidade de Murilo Portugal deixar a Fazenda rumo ao BC é vista hoje como praticamente nula.

Nessa estória toda, só uma coisa é certa: existe uma dificuldade enorme para se encontrar nomes qualificados no mercado dispostos a ir para o Banco Central. E não por causa dos baixos salários...

Simples e inteligente

Seja ou não bem sucedida, é interessante a engenharia na operação de troca de C-Bonds anunciada hoje pelo Tesouro. Em sua essência, é uma troca do valor negativo do "call" do "C" pelo prêmio do maior prazo de vencimento do novo "Global C".

O Tesouro só ganha: consegue alongar um pouco a sua dívida, melhora a qualidade da curva de preços e, de quebra, ainda reduz os índices de risco lastreados em preços dos papéis.

Fala para quem te escuta

Tudo bem, tudo bem, parece tese conspiratória.

Mas que é um pouco estranho o presidente Lula conceder uma entrevista exclusiva para uma jornalista brasileira, que por acaso trabalha em uma TV francesa (a Globo comprou o direito de transmissao) para falar tudo o que ele acha da crise política no Brasil e admitir que o PT "errou", ah isso é...

Lula reforça a política econômica

Com tanto foco na crise política, passou quase despercebida ontem, na entrevista do presidente Lula, a enfática defesa que ele fez da política econômica.

Afirmou que esta era a sua maior preocupação no começo do governo, que conseguiu ver "resolvida" com muita responsabilidade e esforço da equipe econômica, sem populismos de última hora que pudessem botar tudo a perder.

Apontou ainda que "agora" era a hora de colher os frutos dessa política econômica ajustada em 2003 e 2004. Mas aí veio a crise política...

Tudo bem então...

Está combinado: o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o empresário mineiro Marcos Valério, andaram fazendo coisa errada. Operavam o caixa 2 do PT, sem o conhecimento da direção do partido e sem envolver a campanha presidencial de 2002. Ah: todo aquele dinheiro, hoje cerca de R$ 90 milhões, não tinha nada a ver com o pagamento de mensalão no Congresso.

Este é o resumo do depoimento dos dois neste final de semana. Cometeram, no máximo, um crime eleitoral. E pronto.

O problema é que a imprensa não para de descobrir fatos novos, muitos deles relacionados ao "mensalão". Não é à toa que a oposição anda desconfiada de que isso tudo está com cheiro de armação...

sexta-feira, julho 15, 2005

AGU x Virgílio

A Advocacia Geral da União (AGU) espera algum posicionamento do presidente Lula para abrir ou não um processo contra o senador tucano Arthur Virgílio, que em depoimento ontem na tribuna, entre outras afirmaçoes, chamou o presidente de "idiota" dezessete vezes.

Em se tratando de um assunto com tamanho potencial de publicidade, parece ser uma decisão complicada para o governo. Para um lado ou para o outro.

Curiosidade da lei: 1) como as palavras do senador atingem o que os juristas chamam de "honra objetiva" (neste caso do presidente da República), Virgílio poderia ser processado por difamação. O julgamento correria no Supremo Tribunal Federal (STF).

2) Em crimes contra a honra do presidente da República, o ministro da Justiça, também pode requisitar ao STF a instauração do processo.

Movimento contra a MP do Bem

Depois de toda a gritaria contra a MP 232, que foi derrubada, setores do comércio e da indústria excluídos dos benefícios tributários da chamada "MP do Bem" começam a se organizar para protestar contra essa última medida.

De saída?

Há quem acredite que o presidente do BC, Henrique Meirelles, deixa o cargo na próxima rodada da reforma ministerial, que deve ser anunciada pelo presidente Lula nos próximos dias.

quinta-feira, julho 14, 2005

Endurecendo a lavagem

O Ministério da Justiça anunciará, em breve, mudanças na legislação referente aos crimes de lavagem de dinheiro no País. As penas serão muito mais severas que as atuais.

A idéia é dar publicidade às mudanças, blindando ainda mais o Executivo e o presidente Lula das denúncias de corrupção envolvendo o PT.

Pagamento antecipado não interfere na troca de C-Bond

O pagamento antecipado dos US$ 5,1 bilhões do governo brasileiro ao FMI, referente à linha mais cara de empréstimo do Fundo (a SRF), não interfere na troca de C-Bonds que deve sair nos próximos dias.

Como o valor é retirado das reservas brutas, também não deverá ter grande impacto sobre uma possível recompra de C-Bonds que pode se seguir à troca.

quarta-feira, julho 13, 2005

E vem Ibope...

Na próxima semana ou na outra, o Ibope deverá divulgar uma pesquisa própria sobre o nível de popularidade do presidente Lula e de seu governo após as denúncias de corrupção que assolam Brasília.

Na avaliação de uma diretora do instituto, os resultados não deverão ser muito diferentes daqueles divulgados ontem na pesquisa CNT/Sensus.

Cadê?

O ex-ministro José Dirceu anda num silêncio que chega a impressionar.

Quem se lembra de seu discurso ao voltar para a Câmara, com toda aquela ênfase de que defenderia o PT, etc., tem achado estranho esse mudismo.

terça-feira, julho 12, 2005

CNT/Sensus não surpreende Brasília

Não acredite nas afirmações de que as pesquisas da CNT/Sensus costumam sempre serem favoráveis ao governo. Outras pesquisas de opinião pública, que tiveram circulação restrita e não foram divulgadas, registraram o mesmo desempenho positivo do governo Lula e do presidente em relação à crise política.

Pode-se dizer, com uma boa dose de certeza, que o resultado não surpreendeu os políticos em Brasília.

A troca de C-Bond subiu no telhado?

Ninguém sabe direito se foi para despistar ou se ele pensa isso mesmo, mas o fato é que o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, deu há pouco uma boa esfriada nos ânimos do mercado sobre o que seria uma iminente mega-troca de C-Bonds.

Levy disse que tal operação não precisaria ocorrer necessariamente este ano. Faltou sintonizar com o seu secretário-adjunto, José Antonio Gragnani, que na semana passada afirmou que o Tesouro poderia "fazê-la em breve".

De qualquer modo, saiu reforçada a ala do mercado que aposta em um "call" do C-Bond no mês de outubro. As próximas captações e eventuais intervenções do BC no câmbio serão importantes indicativos nesse sentido.

segunda-feira, julho 11, 2005

Meirelles limpo na Receita

Corre em Brasília a informação de que a Receita Federal considerou em dia a situação fiscal do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Boatos não se confirmaram

Os boatos cabeludos sobre o conteúdo das revistas neste fim de semana não se confirmaram.

Nenhuma delas trouxe matérias relacionando - financeiramente - familiares do presidente Lula ao publicitário Marcos Valério, a Delúbio Soares ou ao dinheiro do PT.

A notícia mais feia do fim de semana acabou ficando com a prisão do ex-assessor do irmão de José Genoino, preso pela Polícia Federal no aeroporto de Congonhas com R$ 200 mil em uma mala e US$ 100 mil escondidos na cueca.

quinta-feira, julho 07, 2005

PROCURA-SE

O tal "amigo" do empresário Marcos Valério que, segundo depoimento da sua ex-secretária, Karina Somaggio, participava do esquema de distribuição do dinheiro supostamente ligado ao pagamento de mensalão.

E o tal "doleiro" que ela afirma teve alguma relação com Valério - o que foi negado por ele ontem no seu depoimento à CPI dos Correios.

No mais, o depoimento da secretária na CPI vem sendo, até agora, (19h) quase sonolento.

Só na segunda-feira

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciará somente na próxima segunda-feira a segunda etapa da reforma ministerial.

Há quem diga que foi recomendado para esperar o final de semana. Ou melhor, o noticiário do final de semana.

quarta-feira, julho 06, 2005

Déficit zero não é meta, mas resultado!!

Uma importante afirmação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em linha com um comentário do deputado Delfim Netto em artigo publicado ontem no Valor sobre as metas nominais: "O debate não é buscar déficit nominal zero, mas um esforço fiscal de longo prazo que pode vir a produzir um déficit zero ao longo de seis a dez anos", afirmou Palocci.

Ou seja, o déficit zero não é uma meta, mas um resultado a ser alcançado a partir de um novo programa de ajuste fiscal - de caráter estrutural.

Pelo que apurou este Blog, a idéia dominante hoje nesta discussão é de que as metas nominais sejam apenas parâmetros indicativos a serem acompanhados - nos moldes da terminologia adotada nos acordos com o FMI. As metas operacionais do setor público continuariam sendo lastreadas no superávit primário.

terça-feira, julho 05, 2005

Fique de olho

Não passou despercebida a ênfase com que o atual secretário executivo da Fazenda, Murilo Portugal, negou ter recebido o convite para assumir a presidência do Banco Central, no lugar de Henrique Meirelles.

Muita gente aposta que Murilo continuará onde está.

E que a mudança no BC será resolvida com "gente da casa".

Déficit nominal "Zero": só a cenourinha?

Dado o cenário político atual, uma preocupação importante: o déficit nominal zero ser aprovado no Congresso apenas com a "cenourinha" - ou seja, a própria adoção de uma meta nominal com vistas à redução dos juros reais - sem a aprovação do que realmente importa no projeto: uma maior desvinculação orçamentária e um choque administrativo na gestão federal.

A conferir.

Para o bom entendedor...

Quem viu a entrevista do presidente nacional do PT, José Genoíno, ontem no Roda Viva, notou uma mudança importante: seu discurso em relação ao tesoureiro Delúbio Soares.

Ao contrário do que vinha fazendo até então, Genoíno não defendeu uma única vez o companheiro do partido. Só se referia "à verdade que será trazida pelo resultado das investigações" e ao "vamos cortar na própria carne se necessário".

Chegou a dizer, textualmente: "assinei (o tal empréstimo do PT junto ao banco BMG, do qual eram avalistas junto com Marcos Valério) em confiança com o secretário de Finanças do PT".

E não respondeu com o quê exatamente o partido deveria ser "mais vigilante, mas criterioso". Com a escolha de seu tesoureiro?

sexta-feira, julho 01, 2005

O que há de bom e ruim nas CPIs

A verdade é que, entre os formadores de opinião, a instalação de uma CPI é sempre vista como uma coisa negativa. Mais: quase sempre acompanhada de descrédito. Mas elas também têm coisas boas.

O lado ruim (em ordem hierárquica):

1) As CPIs parecem muito mais voltadas a serem um palco de visibilidade política do que de resolução/apuração dos problemas/denúncias para os quais se destinam.

2) Costumam travar a agenda legislativa, o que em tese não deveria acontecer.

3) Tratam de escândalos, crimes e maracutaiais. Que, por natureza, já são bem desagradáveis.

O lado bom (também em hierarquia)

1) Chamam a atenção da sociedade para problemas que precisam ser resolvidos com urgência no País, inclusive mantendo acesa a chama da imprensa para investigar os fatos.

2) Funcionam como uma espécie de Justiça "fast food", daquelas que no fundo a gente gostaria de ver, com poderes para determinar investigações - com quebras de sigilos bancário, telefônico e fiscal - de maneira bem mais ágil do que a via do Poder Judiciário.

3) Trazem à tona, em função da dificuldade na agenda legislativa, alguns temas de consenso que realmente importam ao País e que necessitam de avanço.

Boa parte destas considerações, obviamente, só se referem às CPIs de maior visibilidade na sociedade, como as que estamos vendo neste momento, sobretudo a CPI dos Correios - que na prática já funciona também como uma CPI do Mensalão.