quinta-feira, novembro 30, 2006

O descompasso entre o anúncio e a prática

Materinha divulgada ontem na Agência Estado:

SÃO PAULO - O governo federal tem sido mais eficiente nos anúncios de medidas na área econômica do que na sua execução. Levantamento feito pela Agência Estado, com base nos principais pacotes oficialmente divulgados pelo Governo Lula nos últimos meses, mostra que, na maior parte deles, uma parcela importante das medidas não foi colocada em prática. Na visão de consultores especializados e ex-integrantes da equipe econômica, problemas de gestão no setor público, disputas internas de poder e o que parece ser uma ansiedade do governo em apresentar resultados rápidos à sociedade explicam o notável descompasso entre o que é anunciado e o que é aplicado no Brasil.

Matéria completa em: http://pillolenotizie.blogspot.com/2006/11/so-paulo-o-governo-federal-tem-sido.html

segunda-feira, novembro 27, 2006

Credenciado



O empresário Jorge Gerdau não ocupará cadeira no governo Lula.

Acredita que a função que exerce atualmente, de promover linha direta entre lideranças empresariais e o presidente da República, tende a trazer mais resultados.

E, obviamente, menos dor de cabeça.

Amplia-te ou te devoro

Os caminhos na área econômica convergem para a ampliação do PPI (Projeto Piloto de Investimentos) como porcentagem do PIB já a partir de 2007, de maneira a permitir o aumento dos investimentos por parte do setor público.

Isso funciona, na prática, como uma maquiagem no número do superávit primário do governo. De forma a reduzí-lo.

Mas tudo bem. O que preocupa de verdade é que tais recursos sejam encaminhados para outras rubricas orçamentárias.

Cuidado, companheiro!

Na última sexta-feira, em evento realizado na USP para discutir o futuro do pensamento de esquerda no Brasil, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira exagerou: disse que, a julgar pelo pensamento econômico no País, ele é hoje "muito mais marxista do que a média".

Ao seu lado, o sociólogo Chico Oliveira, agora crítico voraz do governo Lula, não perdeu a chance:
"Isso quer dizer que a nossa média está muito, mas muito ruim mesmo", afirmou Oliveira, para delírio do público estudantil presente no evento.

Imediatamente o ex-ministro Bresser ficou todo vermelho. E não por causa de suas convicções pessoais sobre a economia.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Provérbio de um pacote fiscal

"Em carne onde nao entra faca, a gordura um dia mata"

Secondo piatto

De julho para cá, segundo levantamento feito pelo BNP Paribas, foram realizadas 65 emissões de bônus no mercado externo por empresas, bancos e governos da América Latina.

Desse total, nada menos do que 33 - ou metade - foram originados no Brasil. E dos 33, apenas três foram emissões soberanas.

Trata-se de reflexo direto da "faxina" que o Tesouro Nacional fez na dívida externa. Com menor oferta física dos papéis dessa dívida, os investidores interessados em risco Brasil têm três opções: 1) dívida pública no mercado interno; 2) papéis sintéticos da dívida local (as "linked notes") lá fora; ou 3) papéis corporativos do País emitidos no exterior.

Nos três casos, conta Ricardo Moura, do BNP, o aumento do apetite tem se mostrado notável.

Nem tanto ao céu...

O cenário positivo para a economia mundial nos próximos anos domina hoje os corações e mentes de analistas no mercado financeiro.

No entanto, começam a surgir aqui e ali avaliações mais pessimistas sobre esse horizonte.

Uma delas, que vem ganhando corpo, aponta que o efeito do estouro da bolha no mercado imobiliário norte-americano ainda está por vir.

A defasagem seria de aproximadamente um ano.

A conferir.

terça-feira, novembro 21, 2006

Tentativa e erro

Os diretores do Banco Central garantem: não há piso nem número mágico para a taxa real de juros no Brasil.

Deixa o homem ouvir

"Na década de 90, muitas empresas brasileiras quebraram, mas a maioria delas passou por reformas enormes, reajustes, reestruturações. O setor das empresas privadas foi todo ele reajustado, reformado, até mesmo as estatais fizeram isso.

As famílias brasileiras também fizeram isso. Pais de família tiraram seus filhos de escolas particulares e os colocaram em públicas, para reajustar o orçamento doméstico.

Outros venderam apartamentos de três quartos e compraram de dois quartos. Esse é o reajuste. Se todos os brasileiros estão fazendo esse esforço, por que o governo não pode fazer? O governo tem de fazer esse esforço. Isso é que se chama de ajuste fiscal."

As declarações acima foram dadas em entrevista recente do professor Vicente Falconi, que elabora hoje uma proposta ousada de melhora na gestão da Previdência para o governo federal.

Selva de pedra

Este Blog recomenda a leitura do perfil escrito pela jornalista Consuelo Dieguez sobre o "ex-banqueiro" Luiz Cezar Fernandes, do Banco Pactual, que está na edição deste mês da Revista Piauí.

Simplesmente imperdível.

Faça a coisa certa

Se há algo que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sabe fazer bem, é detalhar e cobrar as minúcias jurídicas de qualquer proposta apresentada no âmbito da instituição.

A cada proposta apresentada, invariavelmente uma de suas primeiras perguntas é: onde está escrito que podemos fazer isso?

Graças a Meirelles, conta um ex-diretor, o BC conseguiu um feito inédito: o número de processos judiciais contra os diretores da gestão sob o seu comando é próximo de zero.

Pode parecer pouco, mas não é.

Dos motivos para a recusa dos convidados a assumir postos de direção no BC, a questão da incerteza judicial - durante e após o cargo - figura entre os principais.

Há males que...

Acreditem: o "efeito Requião" acabou sendo positivo para o setor rodoviário e para as grandes concessionárias de rodovias.

O motivo é que todo o imbróglio jurídico envolvendo as concessões das estradas no Paraná, durante o governo Requião, acabou criando jurisprudências importantes sobre o assunto nos tribunais superiores, como o STJ e o STF.

De forma que a incerteza jurídica nas concessões rodoviárias é, hoje, menor do que no passado.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Transportar - e governar - é preciso

Há duas possibilidades concretas de nomes para o Ministério dos Transportes na segunda gestão Lula.

Uma delas é a volta de Alfredo Nascimento para a Pasta. O atual ministro, Paulo Sérgio de Oliveira Passos, voltaria assim a ocupar o cargo de secretário-executivo.

A outra possibilidade é de que o PMDB não abre mão do Ministério.

O futuro é que se apresenta negro

A MCM Consultores divulgou nesta semana, em sua Carta Semanal de Economia, um bom estudo sobre a trajetória de longo prazo para as contas (déficit) do INSS.

No começo do texto, os consultores citam um trecho emblemático do livro Intermitências da Morte, de José Saramago: "O rei...logo perguntou (ao primeiro ministro), E que história vem a ser essa das pensões que não se pagam, Estamos a pagá-las, senhor, o futuro é que se apresenta bastante negro."

terça-feira, novembro 14, 2006

No crisis, no growth!

É essa a definição para o que o economista-pop Sebastian Edwards, da UCLA, acredita será o futuro econômico da América Latina - e do Brasil - nos próximos anos.

Não se trata de algo ruim: a região continuará crescendo, só que a taxas medíocres na comparação, por exemplo, com seus pares asiáticos.

Ao mesmo tempo, a fase de grandes crises externas, em sua opinião, também acabou, especialmente no Brasil.

No caso brasileiro, disse Edwards em almoço hoje com jornalistas, na Mauá Investimentos, a carga tributária teria de cair de 10% a 15% para que o empreendedorismo saísse da garagem.

Algo que, reconhece, é politicamente inviável.

Em sua breve visita ao Brasil, o ilustre economista andou falando com algumas autoridades, entre elas o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Ficou positivamente impressionado com os avanços na área macroeconômica, mas disse não ter percebido muita convicção por parte do governo de que a área fiscal, mais cedo ou mais tarde, terá de ser alvo de mudanças profundas.

O fino humor dos cartoons


Mais charges sobre a vitória democrata no Congresso norte-americano?

Veja em http://www.cagle.com/news/DemocratsWin/main.asp



segunda-feira, novembro 13, 2006

Mais crédito

A portabilidade do crédito e a adequação do modelo de financiamento imobiliário para algo mais parecido com o aplicado nos Estados Unidos são os grandes focos de atenção, hoje, da Secretaria de Política Econômica (SPE), da Fazenda.

Só dependem de uma decisão política para seguirem em frente.

Sem delongas

Em conversas reservadas, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, diz que não têm cabimento as especulações de que, por determinação do presidente da República, haverá troca de diretores no BC.

"Enquanto eu estiver lá, quem monta a diretoria sou eu", garante Meirelles.

quinta-feira, novembro 09, 2006

O coelho e a tartaruga

Não é só os bancos que estão alertas com o aumento da inadimplência.

Empresas de atendimento direto ao consumidor, como as concessionárias de serviços públicos, também começam a se preocupar com o fenômeno.

A questão de um milhão de dólares é: até onde vai esse fenômeno?

quarta-feira, novembro 08, 2006

Novos horizontes

Encaminhada a incorporação das atividades do extinto BankBoston na América do Sul, o Itaú começa agora a avaliar outra fatia de negócios do mesmo banco: a área de International Private Banking, em Miami, que não está entre as prioridades do Bank of America (controlador do Boston) para o futuro.

Comunicar - e governar - é preciso

Na lista de prováveis ofertas ao PMDB nesta segunda gestão Lula, consta a área de comunicação do Governo Federal.

A cúpula da Radiobrás, por exemplo, já está de malas prontas para deixar Brasília.

O príncipe virou sapo?

Depois que falou em diversas entrevistas sobre a necessidade de "mexer" na política monetária, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, passou a ser visto com desconfiança pelos agentes do mercado financeiro.

Até então, ele era o preferido de 9 entre 10 analistas para assumir o comando da Fazenda.

Há quem veja nas afirmações apenas uma maneira de minar resistências internas no governo ao seu nome, como a da ministra Dilma Roussef. De qualquer forma, criou um novo ruído.

terça-feira, novembro 07, 2006

Tema delicado

Caso venha a deixar a Secretaria do Tesouro Nacional, o economista Carlos Kawall o fará por motivos estritamente pessoais, ligados a um delicado caso de doença na família.

Não é essa a sua intenção.

Seria, de qualquer forma, uma perda das mais relevantes para a equipe econômica. Com pouco tempo de experiência no cargo, Kawall já demonstrou porque é um dos economistas mais respeitados hoje no País.

E é tido como um dos principais fiadores - um dos poucos, na verdade - de uma política fiscal austera dentro do governo.

Melhor prevenir do que remediar

Sempre que deseja passar determinada idéia à sociedade, o presidente do BC, Henrique Meirelles, o faz através de exaustivas repetições em entrevistas, palestras e seminários.

A idéia da vez é a seguinte: há, sim, orientação do presidente Lula para que o crescimento da economia seja mais acelerado. Mas o papel do BC nesse contexto é, única e exclusivamente, o de manter a inflação - e as expectativas - dentro das metas.

Meirelles sabe que a pressa pelo crescimento pode se dar via pressão por queda mais rápida dos juros. E que o simples temor sobre tal pressão pode levar os juros mais longos de mercado a subirem, trazendo o pior resultado possível: contração da atividade.

domingo, novembro 05, 2006

Quem avisa...

A vontade de promover o crescimento de maneira mais explícita colocará em xeque, pela primeira vez na história recente, a efetiva contribuiçao dos juros reais baixos sobre a atividade.

Para os mais cautelosos, é preciso lembrar que carro na frente dos bois, em momentos de possível frustraçao, pode colocar tudo a perder.

A conferir.

Sobre o tempo

O presidente Lula espera passar a ceia de Natal com o seu novo ministério já completo.

Quer trazer nomes de expressao na sociedade para o governo, mas terá também de agraciar o PMDB.

Nas próximas semanas, começam de fato as conversas.

quarta-feira, novembro 01, 2006

O futuro dos EUA?


O rapaz e a moça

"O governo se parece com aquele sujeito que assedia uma linda jovem (a estatal) numa festa, não cumpre o que dele se espera (não investe), mas não sai de cima e não deixa que outros rapazes se aproximem da moça (não privatiza). Sei que as estatais tiveram um papel histórico importante, mas neste momento é preciso ser pragmático. Pouco importa se os nossos serviços telefônicos ou de energia elétrica são fornecidos por uma empresa estatal, por uma empresa privada nacional ou por uma empresa estrangeira. O que importa é a oferta de serviços de boa qualidade, ou como diz o provérbio - não importa a cor da galinha, contanto que ela bote ovos".

A ótima ilustração é do economista Eduardo Lundberg, do Banco Central, indignado com a maneira como a privatização foi tratada no debate eleitoral.

*Ele faz questão de enfatizar que essa é uma opinião pessoal, não do BC.

O apagão de Lula

Não há alusão melhor: a crise dos controladores de vôo é o "apagão" do governo Lula.

Foi igualmente causado por má gestão. E incomoda um bocado o cidadão comum (ainda que para um segmento menor da sociedade).