quinta-feira, novembro 24, 2005

Sem drama

A discussão entre Dilma Roussef e Antonio Palocci sobre a meta de superávit primário tem recebido algumas leituras um tanto exageradas, por exemplo o risco de descumprimento da meta fiscal em 2006.

Não é bem assim. Dilma apenas quer que a meta seja cumprida à risca, enquanto Palocci defende que se poupe uma gordura acumulada ao longo de bons meses de arrecadação.

Para 2005, por exemplo, o ministro da Fazenda tinha instruído o Tesouro Nacional a mirar um superávit da ordem de 5% do PIB. Deve ficar abaixo disso, mas não menor do que 4,5% do PIB. A meta para o ano é de 4,25%.

Em outras palavras: não se trata de uma discussão sobre a meta de superávit em si, mas sim sobre o que fazer com a gordura que excedê-la.

Para quem quiser ver?

Chega a ser impressionante a diferença de estilos entre este governo e o anterior. E a imprensa parece ainda não ter entendido a profundidade dessa diferença.

Primeiro apostou forte na queda de Henrique Meirelles, do BC, o que não aconteceu. Agora foi o ministro Antonio Palocci, que há dois dias estava fora do governo e agora é chamado de "imprescíndivel" pelo presidente Lula.

No governo FHC, fritura pública de representantes do primeiro escalão resultava quase que invariavelmente em exoneração. Neste governo, parece não ser bem assim. As discussões e embates dentro do governo petista, fruto da raiz sindicalista, é quase sempre aberta.

Aberta demais, é verdade...

terça-feira, novembro 22, 2005

Terreno fértil

Ok, ok, o momento é mais do que propício para boatos de toda a sorte.

E um deles é especialmente pitoresco: Antonio Palocci sai da Fazenda e torna-se, um pouquinho mais para a frente, o candidato do PT ao Governo do Estado de São Paulo. Casa perfeitamente, não há dúvida, com uma ida de Mercadante para a Fazenda.

Mas é só uma hipótese...

segunda-feira, novembro 21, 2005

Otimismo demais?

Antes, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional afirmava que os prejuízos de uma decisão do STF contra o Fisco no caso da Cofins geraria prejuízos enormes. Chegou a fazer projeções que apontavam para um buraco da ordem de R$ 30 bilhões.

Agora, quem entra em contato com a PGNF para saber do impacto recebe uma resposta bem mais otimista, de que ele é quase insignificante, devido ao fato de as grandes empresas já não estarem, via liminares judiciais, recolhendo o tributo.

Em qual delas acreditar?

Quem não tem Palocci, caça com Bernardo

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é o preferido de 8 entre 10 analistas do mercado financeiro para ocupar o cargo do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, caso este deixe a Pasta.

Os analistas sabem que Bernardo pode não ser um técnico de renome - como Murilo Portugal - mas o fato é que tem acesso direto ao presidente Lula. E mesmo ser a força política de Palocci, andou comprando briga com outras alas do governo na discussão sobre o ajuste fiscal de longo prazo.

Mais: sabem que muito dificilmente algum técnico de renome disponível aceitaria ocupar a vaga de Palocci com tão pouco tempo restante de governo.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Licitação sem solução

A decisão do governo de voltar atrás na licitação aberta pelo IRB para o serviço prestado hoje pela Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE), cujo contrato expira no fim do ano, está causando uma confusão danada. A SBCE tem hoje o monopólio do seguro às exportações com garantia do governo para os créditos acima de 2 anos.

Há a suspeita, por parte dos interessados, de que o governo está querendo manter a SBCE apenas por ser uma empresa brasileira, formada por sócios como o Banco do Brasil, BNDES e Bradesco, entre outros. A decisão de que o IRB teria de voltar atrás na licitação foi tomada ontem em Brasília, após reunião da Camex com diversos ministros.

A conferir.

A quem interessar possa...

Para os assuntos da economia, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, invariavelmente consulta o seu secretário da Fazenda, Eduardo Guardia.

Há quem garanta que Guardia, ex-secretário do Tesouro no governo FHC (era adjunto e assumiu com a saída de Fábio Barbosa), seria o responsável pela área econômica em um eventual governo federal comandado por Alckmin.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Levy vai para o BID

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, vai sim para o BID.

Só que não vai agora e nem vai para a Gerência de Planejamento Estratégico.

Levy vai mesmo é para a vaga de João Sayad na vice-presidência de Finanças e Administração do BID, terceiro posto na hierarquia do organismo multilateral.

Sayad sai em abril do próximo ano. O palco: a reunião anual do BID que acontece em Belo Horizonte, no começo do mês. O economista volta a São Paulo para administrar sua gestora de recursos.

Levy ocuparia a gerência no BID até essa data. E depois assumiria o cargo na vice-presidência. Mas como a coisa ficou mais complicada por aqui para a equipe econômica, decidiu queimar essa primeira etapa.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Ladeira abaixo

Piada bem atual no mercado financeiro: se o ministro Antonio Palocci sair da Fazenda, o dólar cai a R$ 1,80. Se Lula sofrer um impeachment, cai a R$ 1,50.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Ajuste fiscal de longo prazo, ainda de pé

Se engana quem acha que, após as "suaves" declarações da ministra Dilma Roussef, o programa de ajuste de longo prazo da equipe econômica do governo está morto antes mesmo de nascer.

O que houve é que, em reunião recente da Câmara de Política Econômica, representantes da Fazenda e do Planejamento mostraram um discurso muito afinado sobre o plano, mas esqueceram-se de levar o que Dilma queria ver: a apresentação dos benefícios objetivos do plano para o crescimento econômico, a queda dos juros e a volta do investimento público.

Ficaram de apresentar os quadros na próxima reunião da Câmara.

A equipe econômica está otimista sobre a capacidade de convencimento da ministra, sobretudo no que se refere ao investimento público, mesmo depois da entrevista em que ela bateu forte na proposta.

quarta-feira, novembro 09, 2005

BC: sob fogo cerrado?

Não bastasse a gritaria dos setores exportadores que estão vendo a sua competitividade ir para o brejo com o dólar derretendo, o BC terá agora de ouvir críticas de quem vinha alertando sobre um excesso de conservadorismo no ciclo de aperto monetário.

A queda bem mais forte que a esperada da produção industrial de setembro, de 2%, sem dúvida reforça o argumento de quem afirmava na época que o BC estava exagerando na dose.