quinta-feira, agosto 03, 2006

Conto para juiz dormir

Dia desses, a esposa de um diretor de um grande banco suíço tomou um susto. Ao fazer compras no supermercado, foi informada de que a conta do cartão eletrônico que usara - em conjunto com o marido - estava bloqueada.

Ligou para o executivo, que tampouco entendeu a situação.

Dias depois, ficou tudo esclarecido: era ele quem havia assinado, anos atrás, a participação do banco no projeto de uma fábrica por meio de um fundo de private equity. O fundo já tinha vendido essa participação há tempos, mas uma juíza trabalhista, em ação movida contra a tal fábrica, encontrou no executivo o único nome com recursos suficientes para a causa, ainda que ele estivesse afastado da empresa - formalmente - há anos.

Esse é apenas um dos absurdos que a chamada "penhora online" com o sistema BCJur vem causando desde que caiu nas graças, principalmente, da justiça trabalhista.

No próximo dia 21, a FGV promove na sede da CNI em Brasília um grande evento com a participação da CVM, BNDES, STJ e outros órgãos do governo e do mercado para discutir esse problema. Acreditam que pode ser um entrave importante para o desenvolvimento de alguns produtos, sobretudo na área de private equity.

Valeu a tentativa

O resultado da troca de títulos da dívida externa anunciada hoje pelo Tesouro Nacional reforça a tese de que, no mercado de renda fixa internacional, "só liquidez não enche a barriga".

Até porquê o ajuste recente dos mercados mostrou que papéis mais líquidos muitas vezes são os que mais sofrem.

Sem atratividade nas taxas, o apetite na troca foi baixo. Dos até US$ 1,5 bilhão ofertados, foram trocados apenas US$ 500 milhões.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Na boca do forno

Se tudo ocorrer dentro do previsto, a aprovação do Banco Central para a compra do BankBoston pelo Itaú sai em duas semanas.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, que já presidiu o Boston aqui e lá fora, tem confessado que assinará o documento com alguma mágoa.

Afinal, passou a maior parte de sua vida construindo uma marca que, agora, se extingue.

terça-feira, agosto 01, 2006

Com ou sem?


O ministro Guido Mantega fez hoje uma das mais veementes defesas de que não há risco de descumprimento na meta de superávit primário, de 4,25% do PIB.

"Garanto que o governo fará tudo que for necessário para que esta meta seja cumprida", disse o ministro em evento na FGV, apostando "uma caixa de vinhos estrangeiros" com o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, que desconfia desse cumprimento.

Mantega só não respondeu se os 4,25% do PIB a que ele se refere inclui ou não o PPI.

Mais uma roda?

Após o fraco desempenho da roda de dólar à vista na BM&F, discute-se hoje a implementação de uma outra roda, a de "dólar casado" (compra à vista com venda no futuro, ou vice-versa) até o fim do ano.

Se vier, será no formato eletrônico.

Esquentando

O debate sobre a área fiscal entre os economistas do PSDB ligados à campanha de Geraldo Alckmin anda quente.

As linhas de pensamento dividem-se basicamente em três grupos: os que acham que nada muda sem amplas reformas, os que acham que mudanças administrativas já são suficientes e os que acreditam que, com mais crescimento econômico, tudo se resolve.

Os encontros para discutir o assunto, a partir de agora, são semanais.

Sem minúcias

Está decidido.

Os programas de governo de Lula e Alckmin que serão apresentados na campanha eleitoral terão na economia um menor detalhamento na comparação com outras áreas, como a social ou a de segurança pública.

Serão apenas linhas gerais, focadas no maior crescimento do PIB e na redução da carga tributária. Nada de minúcias envolvendo reforma da Previdência, administrativa ou coisa do gênero.

Não significa que esses assuntos deixaram de ser debatidos internamente. Apenas que não chegarão ao público antes das eleições.

Também será evitada, a todo custo, a sinalização de quem será o "guru" econômico de cada candidato.

"Não adianta espremer, porque não falaremos de temas polêmicos e nem indicaremos as cabeças antes das eleições", avisou um ministro do governo Lula em encontro recente com um seleto grupo de empresários.